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Suécia e Emirados Árabes apresentam estratégias de combate à covid-19

Mais de duas centenas de pessoas acompanharam a transmissão

A APMP (Associação Paulista do Ministério Público) realizou ontem (4) o segundo dia do evento “Combate à pandemia de covid-19 em cada país”. Nesta ocasião, o webinar contou com a participação do cônsul-geral da Suécia em São Paulo, Renato Pacheco e Silva Bacellar Neto, e do pesquisador econômico do Consulado-Geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo, George Ramos, para comentar as estratégias e dificuldades no combate ao novo coronavírus em seus respectivos países. A professora Maristela Basso, do Departamento de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), e o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público de Portugal, António Ventinhas, atuaram como debatedores. O evento foi transmitido ao vivo pelo Youtube para 212 pessoas, com a abertura do presidente da APMP, Paulo Penteado.

O cônsul-geral da Suécia em São Paulo, Renato Pacheco e Silva Bacellar Neto, trouxe vídeos e imagens com informações sobre como o país lidou com a pandemia, e falou sobre as escolhas do país de, por exemplo, não implantar um lockdown: “Tivemos uma política de estratégia diferenciada de não fazer o lockdown. A Suécia preferiu, para evitar danos sociais, danos econômicos, manter a sua população trabalhando, estudando, da forma que fosse possível, sem o confinamento, sem o isolamento, mas sempre com a questão de manter dois metros de distância”.

Por sua vez, o pesquisador do Consulado-Geral dos Emirados Árabes Unidos, George Ramos, trouxe em seus apontamentos as especificações de seu país, que são fundamentais para analisar como e por que foram feitas as políticas de combate à covid-19: “Os Emirados têm dez milhões de habitantes, e oito milhões são estrangeiros. São pessoas que residem, mas têm contato com seus países de origem; estão indo e vindo. O aeroporto de Dubai recebe 90 milhões de passageiros por ano […]. A ida e vinda de pessoas é uma característica do país. A atitude do governo foi então de forte restrição […]. Nós tivemos as restrições dos voos internacionais; tivemos toque de recolher entre maio e junho, multas pesadas para quem desobedecesse aos protocolos de isolamento”.

Na abertura dos comentários, a professora Maristela Basso falou sobre a necessidade de conhecer as estratégias de cada país: “Saber o que os demais países estão fazendo é muito importante, porque não se combaterá a pandemia e não se enfrentará o pós-pandemia senão por meio de uma eficiente e eficaz cooperação internacional. Sem essa cooperação dificilmente nós vamos conseguir enfrentar todos os problemas relacionados à saúde e à economia”.

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público de Portugal, António Ventinhas, comentou sobre como as escolhas da Suécia poderiam ter sido diferentes, analisando o contexto específico do país: “Em primeiro lugar a Suécia é um país rico; portanto, um país com bastante qualidade de saúde. Existe nele uma grande cultura de responsabilidade de preservar o outro e uma grande educação. E isso, por si só, tem uma vantagem”.

A troca de informações entre as abordagens dos diferentes países trouxe muitos pontos de reflexão, e o presidente da APMP, Paulo Penteado, aproveitou sua fala final para comparar com as estratégias brasileiras em relação ao combate: “Essa é uma análise objetiva, matemática, não é uma análise geopolítica, social nem econômica […]. Vamos comparar o nosso ‘ontem’: Portugal, 112 casos, 1 óbito; Suécia, 37 casos, 6 óbitos; Emirados Árabes, 189 casos, nenhum óbito. O Brasil é cerca de vinte vezes maior, no que toca à população, que estes três países. Vinte vezes. Mas nós tivemos ontem 1.117 óbitos e 50.256 casos de infecção. Não se trata de uma visão pessimista, nem de um exacerbado realismo, mas sim da realidade de termos que enfrentar números e buscar uma solução melhor para o nosso país e que proteja os nossos nacionais”.

O webinar completo está disponível no canal da APMP no Youtube.