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Beatriz Amaral obtém título de Doutora em Comunicação e Semiótica

Tese trata de Signo e Significação nos Processos Comunicacionais na obra de Paulo César Pinheiro

 

A Procuradora de Justiça aposentada e escritora Beatriz Helena Ramos Amaral recebeu o título de Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em setembro deste ano, Beatriz defendeu a tese intitulada “A Tessitura das Redes de Criação no Horizonte Poético e Musical de Paulo César Pinheiro”.

Apaixonada por música, literatura e direito, Beatriz viu os seus conhecimentos e vivências nessas três áreas se entrelaçarem durante a construção de sua tese de doutorado. Sua formação musical, iniciada aos 8 anos, e o gosto e a prática da literatura foram fundamentais na análise das letras de canções de Paulo César Pinheiro, enquanto a sua experiência no Direito proporcionou um olhar investigativo profundo durante todo o processo de pesquisa.

“A minha formação em arte começa na infância, quando comecei a estudar violão erudito e teoria musical. Faz parte de minha essência. Precede, portanto, a formação em Direito. A arte está comigo desde criança, assim como o gosto pela justiça”, afirma Beatriz Amaral, que diz acreditar que o Direito seja “uma das expressões máximas da cultura humanística”. A Doutora reflete ainda sobre a importância da palavra no Direito e na atuação do MPSP: “utilizamos a palavra para restaurar o tecido social”.

A pesquisa foi desenvolvida na área de “Signo e Significação nos Processos Comunicacionais”, utilizando a linha de pesquisa de “Processos de criação na comunicação e na cultura” e tendo como alicerce teórico fundamental a Teoria Crítica dos Processos de Criação, entrelaçada às teorias da literatura e da música. A defesa de tese foi realizada no dia 6 de setembro, no campus da PUC de São Paulo, em Perdizes.

O estudo tem como objetivo analisar os processos de criação das letras de canções de autoria de Paulo César Pinheiro (1949), poeta, compositor, romancista, cronista e dramaturgo. O propósito foi identificar especificidades e princípios direcionadores de seu percurso de construção. O trabalho foi embasado na teoria crítica dos processos de criação erigida por Cecilia Almeida Salles, entrelaçada a conceitos fundamentais da teoria da literatura, da teoria funcionalista de Roman Jakobson e da teoria musical, harmonia e em ensinamentos de Bruno Kiefer.

A pesquisa desenvolve-se a partir da audição de gravações de obras de Paulo César Pinheiro, selecionadas nos núcleos temáticos principais de seu acervo (étnico-religioso, metapoético, crítico e sociopolítico e lírico). A análise do material levou em consideração os âmbitos poético, melódico, rítmico e harmônico, sob o prisma do inacabamento do gesto, o que permitiu reconhecer relevantes redes de criação. Os métodos utilizados no desenvolvimento deste estudo são a abdução, a indução e a dedução, além do método fenomenológico de Charles Sanders Peirce.

A tese da Procuradora de Justiça aposentada foi aprovada e acolhida pela banca examinadora, que reconheceu a relevância do trabalho para a cultura e para a música brasileira. A banca indicou o trabalho para publicação em livro e propôs a sua indicação para o Prêmio CAPES de Tese, que reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros.

A banca examinadora foi presidida pela Professora Dra. Cecilia Almeida Salles (Orientadora) e integrada pelos Professores Doutores Luiz Antonio Mousinho Magalhães (UFPB), Diana Navas (PUC-SP), Elizabeth Cardoso (PUC-SP) e Maria Cecilia de Salles Freire César (FATEC-SP).

Beatriz Helena Ramos Amaral
Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP, 1983) e em Música pela Faculdade Santa Marcelina (FASM, 1985), Beatriz Amaral é Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP (2005) e autora de 15 livros. Ingressou no Ministério Público de São Paulo em 1986, atuando nas cidades de Osasco, Carapicuíba, Santa Adélia, Franco da Rocha e na capital paulista. Em 2006, foi designada para a 2ª Instância e, em 2015, foi eleita para integrar o Órgão Especial do MPSP, até sua aposentadoria.

O primeiro contato da Doutora com o estudo teórico dos Processos de Criação ocorreu em 1990, quando Anna Luiza Campaña de Camargo Arruda Bauer, então aluna de Mestrado em Língua Portuguesa na PUC-SP, escolheu como objeto de pesquisa o livro “Encadeamentos” (Massao Ohno Editor, 1988), de autoria de Beatriz. Em 1993, Anna Luiza apresentou a dissertação “Dos rascunhos à obra editada: um itinerário poético”.

Em princípios do ano de 2020, Beatriz Amaral começou a estudar a obra de Paulo César Pinheiro. Seu interesse acabou levando-a a mergulhar nesse universo e a ingressar no Doutorado da PUC-SP, e, após 4 anos e meio de pesquisa, concluiu a sua tese de doutorado.

Foto 1:  Dra. Beatriz Ramos Amaral e Dr. Augusto Correa Sevá, na sala da defesa.

Foto 2: Dra. Beatriz Amaral ao lado da Banca Examinadora: Dras. Elizabeth Cardoso, Diana Navas, Cecilia Almeida Salles (Orientadora) e Maria Cecilia de Salles Freire César. O Dr. Luiz Antonio Mousinho de Magalhães, também integrante da banca, realizou a arguição on-line.

Foto 3:  Dr. José Roberto Andrade, Maestro Rafael Righini e Dra. Beatriz Amaral.

Foto 4:  O violonista, mestre, compositor Prof. Silvio Santisteban e Beatriz Amaral.

Fotos: Argel do Vale