Promotores de Justiça entregam Nota Técnica sobre abuso sexual nos transportes à parlamentar em Brasília
Pedro Elias e Celeste Leite entregaram texto à relatora na CCJ da Câmara de Deputados sugerindo tipo penal autônomo
Os promotores de Justiça Pedro Eduardo de Camargo Elias, um dos conselheiros fiscais da Associação Paulista do Ministério Público (APMP) e coordenador-geral dos Grupos de Estudos, e Celeste Leite dos Santos, uma das diretoras da APMP Mulher e do Departamento de Convênios e Eventos entregaram na última terça-feira (17/10) nota técnica de sua autoria ao PL 5.452/16, que se encontra em exame na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados. O projeto prevê a criação, entre outras tipificações de crimes sexuais, da figura do estupro em transportes públicos, cria o estupro mediante extorsão sexual, estupro coletivo, estupro de vulnerável mediante extorsão sexual, estupro coletivo de vulnerável, divulgação de cena de estupro e estupro de vulnerável e de sexo, nudez ou pornografia e dá outras providências.
O texto desenvolvido pelos promotores de Justiça foi entregue à relatora da matéria na CCJ, a deputada Soraya Santos (PMDB/RJ), na intenção de que se inclua ao texto o tipo penal do molestamento sexual, como previsto no PL 8834/2017, de autoria da senadora Marta Suplicy, e que ocorra a exclusão do estupro de vulnerável privilegiado e do art. 218-B, atualmente no projeto. Durante a reunião com a parlamentar, os referidos membros do Ministério Público ainda propuseram que houvesse mudanças no Código de Processo Penal (CPP) e na Lei de Execuções Penais (LEP), além do próprio projeto, visando a possibilitar aos Estados e ao Distrito Federal a criação de Varas Especializadas no trato de crimes sexuais. Outra sugestão constante na Nota Técnica foi para que o abuso sexual nos transportes possua tipo penal autônomo.
O PL 5.452/16 teve origem no Senado Federal (PLS 618/15). De autoria da senadora Vanessa Graziotin (PCdoB/AM), foi aprovado pelo Senado em junho de 2016. A matéria já foi aprovada, por unanimidade, pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CMULHER) da Câmara e deverá ser apreciada na CCJ já nas próximas reuniões do colegiado.
A esta matéria deve ser apensado outro PL que corre na Câmara dos Deputados concomitantemente, o PL 8.834/17, que teve origem no Senado Federal, de autoria da senadora Marta Suplicy (PMDB/SP). A parlamentar, para sua redação final, baseou-se em tese e proposta de anteprojeto dos promotores de Justiça Celeste Leite e Pedro Elias. Ambos prepararam o material diante dos recorrentes casos de abuso sexual praticados principalmente contra mulheres em transportes públicos. O PL a foi provado pelo Senado Federal em outubro e agora aguarda, desde o dia 10/10, distribuição pelo presidente da Câmara.
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